segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Por conseguinte, o despertador é um grande inimigo

Gosto muito de me ir deitar. De largar os chinelos e as ralações. De me sentar na cama, saber que amanhã é de dia mas que até lá vou viajar sabe Deus e Freud, confundo sempre os dois, por onde.
Mesmo que não adormeça logo, ou que dê mais voltas do que queria, o que aí vem merece a pena. Há noites que são só preto, nem uma imagem ou voz. Há outras que são uma canseira com cataclismos e monstros.
Todas são o que espero. E quando estou vai não vai para ir, deixo de sentir as pernas. Imagino um doente conformado. Sei que as noites são todas boas. Sei que até os carrascos e os fiscais dormem, se calhar a esta hora. Sei que isto é uma preparação.
Esta madorna, este escuro e a leveza de nem sentir nada só podem ser um treino. Esta ausência deve ser um segredo para ir ficando descansado, para não espantar e até conhecer a morte quando aqui estiver.

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