quarta-feira, 28 de março de 2007

Amizades parciais

Os amigos dos nossos amigos integram uma estranha categoria. Não são nossos amigos, mesmo por inerência, mas também não são simples conhecidos, daqueles que vemos na rua e cumprimentamos por polidez. Os amigos dos nossos amigos deviam ser em teoria também nossos amigos. Por extensão, por arrastamento, pela natureza das coisas. Mas não é assim. Se muitas vezes os amigos dos nossos amigos não se tornam nossos amigos é porque a amizade não é uma convenção entre semelhantes (contra o que dizia Aristóteles) e porque aquilo que nós vemos nos nossos amigos é só uma parte ampliada do que eles são. Com algumas (poucas) excepções, a amizade é uma escolha selectiva porque escolhemos os nossos amigos em detrimento das outras pessoas, mas também, coisa irónica, porque os escolhemos contra eles próprios.

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